sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Solidão versus Internet e Celular !!!

Solidão é definida como o estado de estar só, não ter ninguém. Mas para uma boa parte dos solitários(as), estar só é uma opção, e não uma impossibilidade de se conviver com alguém. E quando é por escolha, não há revoltas ou sofrimentos. Para alguns, é difícil ser entendido e aceito, fazer notar que está aí e deve ser respeitado. Alguns ousam dizer: “Se está sozinho(a), boa coisa não é”. Não é verdadeiro. Mas falaremos dessa escolha um outro dia.

A pior das solidões é a de quem tem alguém ao seu lado, mas mesmo assim sente-se só. Fato com um índice enorme de ocorrência, principalmente entre os casais da atualidade. A modernidade nos colocou à disposição recursos que em muito facilitam nossas vidas, nos integram com longas distâncias e nos possibilitam a comunicação imediata “sempre” que necessário. E como já viram pelo título, estou me referindo especificamente à internet e ao celular.

Quantos casais conhecemos que não conseguem mais compartilhar de um mesmo assunto, estar juntos em um mesmo “círculo de amigos” para um “bate-papo”, pois se isso acontece, imediatamente começam a divergir e a discutir, chegando a situações de agressões verbais e de não-respeito generalizado entre eles mesmos e aos demais presentes. Fácil vê-los cada um em um canto, em conversas animadas e que se calam tão logo o outro se aproxime. Isso é ter um(a) companheiro(a)? De jeito nenhum. Companheirismo não é isso.

Uma das formas que se têm utilizado para o preenchimento desse vazio é o uso da internet. Uso exagerado e que leva a pessoa ao vício que se concretiza frente ao computador. Transtorno da Dependência a Internet (TDI) é o nome dado a esse mal que assola muitos. Com o computador e a internet, não é exigido do usuário a integração e o vínculo que se estabelece quando de um contato a dois, frente a frente. E se numa sala de “bate-papo” algo desagrada, facilmente se sai dela indo para outra. A grande vantagem do mundo virtual: você navega por onde quer. Já afirmei em artigo anterior que “este vício traz também em seu contexto o afastamento da família e do convívio social, uma dependência mórbida atendida apenas quando se senta na frente do equipamento”.

O outro recurso: o celular. Vocês já observaram as situações mais inusitadas na qual a pessoa está falando ao celular? Há poucos dias, com pouco espaço de tempo entre uma situação e outra, presenciei duas que confirmam o uso indevido. Na primeira, um jovem estava almoçando, colocava uma colherada na boca, mal mastigava, e falava ao celular. A segunda, em um lavatório de um outro restaurante: uma pessoa escovava os dentes e falava ao celular simultaneamente. Será que o outro lado estava entendendo o que ele dizia?

E o que tudo isso ter a ver com solidão? Pois é. As pessoas estão, cada vez mais, com dificuldades de se expressar frente a frente. Basta colocar os pés para fora do local onde está a outra pessoa para ligar para ela e ficar horas no telefone. Ai então brigam, fazem as pazes, voltam a se xingar, riem e basta se encontrarem novamente para calar. Não há assunto. Na verdade há, mas a dificuldade de dizer o que se pensa olho-no-olho interrompe o vínculo.

As pessoas estão tão apegadas ao uso do celular que, mesmo em empresas, se conversa através destes aparelhos, muito mais do que nas salas de reunião ou nos encontros entre fornecedores e clientes. Falam um pouquinho, despedem-se e logo em seguida estão um ligando para o outro e dizendo: “Puxa, me esqueci de perguntar...; ...de dizer....”. As operadoras agradecem, estão cada vez mais ricas. Qual o valor de sua conta de celular? Você acha que se justifica?

Os relacionamentos têm se iniciado e encaminhado até a fase onde um começa a conhecer e participar mais da vida do outro. Pronto. Aí começa a terminar, pois aparar as arestas, chegar a pontos comuns, e se entender, é uma prática cada vez mais fora de moda. As pessoas têm revelado surpresas quando “ousam” expressar seus pensamentos na frente do outro e são aceitos. Não é estranho isso?

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Indaiatuba, São Paulo, Brazil
Psicólogo, Psicoterapeuta, Practitioner Programação Neurolingüística, Administrador e Consultor de Empresas

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