quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Tolerância - Parte I

Tolerância

Conhecer o significado das palavras amplia a compreensão que as pessoas têm da vida. Por isso, muitas vezes, uso da definição dada pelo dicionário para falar sobre os temas. E tolerância quer dizer: “Ato de admitir a outrem uma maneira de pensar ou agir diferente da adotada por si mesmo; ato de não exigir ou interditar, mesmo podendo fazê-lo”.

Estamos vivendo numa época em que a tolerância é muito pouco praticada. Tenho visto pessoas “baterem no peito” afirmando que já foram muito tolerantes, mas que agora não dá mais. Na verdade, foram coniventes e negligentes. Coniventes porque, desde o início da situação que agora incomoda, foi detectado que não seria o melhor caminho. E mesmo assim silenciaram. Negligentes porque deixaram passar o momento em que a situação deveria ter sido conversada, analisada e melhor definida. Então vem depois aquela sensação do “como pode ser isso?”. Alguns ainda dizem que, no início, não era assim. Pura tentativa de neutralizar suas responsabilidades sobre os feitos.

Se observarmos o quanto não gostamos que as pessoas façam diferentemente do que estabelecemos como correto, perceberemos quão pouco praticamos a tolerância. Quão pouco admitimos que os outros pensem ou ajam de forma diversa à nossa. E aí os conflitos ocorrem. As imposições passam a acontecer, pois quase sempre há uma relação de poder: o marido sobre a esposa, a mãe sobre o filho, o chefe sobre o subordinado e assim por diante.

Ser tolerante tem muito a ver com a auto-estima, pois alguém que necessite se auto-afirmar a cada momento, não poderá praticá-la. Como admitir diferenças se não aceitamos que existem tantas verdades quantas pessoas existirem? Não devemos confundir a verdade do outro com a nossa realidade. Cada um tem a sua realidade, ou seja, aquilo que vive. O que o outro vive é realidade para o outro, para mim é apenas verdade. Não é o que eu vivo. Verdade porque existe. Não pode ser negado, porém não é o que é vivido por mim. Comum se ouvir: “Minha realidade é outra”.

Aceitar que outras pessoas possam pensar, agir e viver diferente de si mesmo é compreender isso, e principalmente, respeitar o outro em sua forma de ser. A tolerância trás consigo a benevolência, que expressa uma forma positiva e benéfica de ver as coisas e as pessoas. Ser tolerante é ter uma visão positiva da vida e do Ser Humano. É compartilhar em todos os sentidos, em todos os segmentos de nossas vidas. É uma das condições básicas para que ocorra uma boa comunicação entre duas ou mais pessoas. O tolerante expõe, cuidando para não impor suas idéias. Busca o convencimento, a persuasão. Tem como fator orientador de sua conduta o diálogo, o buscar os fins com maior adequação, diferente de ter que ser do seu jeito. Consegue receber idéias diferentes e aproveitá-las, enriquecendo assim seu mundo experiencial, sua forma de viver.

Nos meios onde a tolerância predomina, as pessoas crescem constantemente, convivem harmoniosamente entre si e praticam a cooperação coletiva, não havendo espaço para posições individualistas, egoístas. É notório o grau de maturidade que elas apresentam em relação ao que fazem. Também repito que ser tolerante não é admitir ou permitir qualquer tipo de situação ou comportamento, mas sim não ser intransigente e intolerante com tudo e todos, sem nem mesmo refletir no que se está rebatendo.

Quem possui uma visão tolerante das coisas e das pessoas, possui também calma e maior domínio de si mesmo para lidar com os obstáculos, para superá-los sem desespero, agindo sem ferir os envolvidos. Experimente levantar-se com uma postura tolerante, olhar os afazeres de seu dia com a visão de que você está ali exatamente para resolver aqueles empecilhos que outrora lhe incomodavam, e então, constate a diferença dos resultados obtidos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Receita de Bolo

Muitos são os livros de auto-ajuda, uns mais famosos que outros. Numa época de tantas e tão rápidas transformações – associadas também a tantas dificuldades, inclusive financeiras – a procura por eles é enorme. Um conhecido me disse que não retirou dessas obras muito que o ajudasse e percebeu que grande parte das pessoas que também as leram, não notaram mudanças significativas, mesmo quando afirmaram: “a obra é ótima”, “você vai gostar”, entre outros comentários.

Um outro amigo, falando sobre a busca religiosa que vem ocorrendo, citou pessoas que, ao se sentirem insatisfeitas com as opções oferecidas, realizaram viagens a países “santuários”, como Peru, Índia, entre outros, como se a convivência de algumas horas nesses locais fosse suficiente para transformá-las.

Alguns pontos devem ser considerados. Ter conhecimento do caminho não significa que o estejamos trilhando. Viver momentos em um ambiente “mágico” não nos dá o domínio da magia. Termos infinidades de explicações e conhecimentos profundos de correntes religiosas ou esotéricas não significa que as estejamos praticando, que as estejamos vivenciando.

Conhecer a receita não significa que tenhamos os ingredientes para fazer o bolo. Então falaremos dele como se fôssemos verdadeiros “confeiteiros”, mas nunca o serviremos para que seja degustado pelas pessoas que nos cercam – nem por nós mesmos. É verdade que, na maioria das vezes, conhecemos o caminho que pode nos levar à solução de grande parte dos problemas existentes, mas não atentamos e não queremos desenvolver os ingredientes necessários para tanto.

Dedicação, persistência, esforço, humildade, resignação – e não conformismo – são elementos constantes de qualquer “receita” que nos move para um objetivo, além de outros, como entusiasmo, ou acreditar que é possível e que o objetivo é plenamente alcançável. Tudo isso não significa que seja fácil. É muito comum ouvirmos pessoas, após algumas tentativas de mudanças, dizerem ”isso não é para mim”, ou “eu sou assim mesmo, não consigo mudar”. O que essas pessoas não sabem é que, da mesma maneira que foi difícil a adoção de um comportamento, hábito ou vício, sua remoção também é.

Ao aprendermos a dirigir, a cada mudança de marcha, olhamos para os nossos pés e para os pedais, para a alavanca de câmbio, quase batemos o carro (e deixamos quem nos ensina apavorados). Porém, pelo exercício do dirigir, pela repetição do ato, vamos automatizando de tal forma que somos capazes de fazê-lo por horas a fio, sem nem percebermos o ato de dirigir. “É automático”, dizemos com razão, pois nos condicionamos.

Mudar um comportamento, seja ele qual for, é mudar condicionamentos há muito estabelecidos, e exige de nós uma atenção especial e um esforço multiplicado. Portanto, se temos as receitas, tratemos de desenvolver os ingredientes. Sem eles, não poderemos fazer nada. O ingrediente “humildade” nos possibilita identificarmos os demais ingredientes que nos faltam, para que seja possível então a sua “aquisição”. Adquiri-los é nos esforçarmos para caminhar em direção ao que nos propusemos, sem nos enrolarmos ou ficarmos dando desculpas do “porquê de não estarmos conseguindo”.

Mais admirável e menos enganoso é dizermos “eu ainda não quero”, do que “eu não consigo”. Quando se diz “eu não quero”, se está falando de vontade. Quando se diz “eu não consigo” se está construindo uma incapacidade ou impossibilidade. A pessoa está reduzindo sua capacidade de ação. Qual a conseqüência desta última? Inconscientemente, para dar veracidade à afirmação “eu não consigo”, a pessoa se mutila, extirpa de si a energia que a movimenta em direção aos seus objetivos, e que reafirma sua capacidade de realização. O que difere quem consegue de quem não consegue é a persistência e a crença de que, mesmo com dificuldades, pode-se chegar onde se quer.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Perdas ou Renovações

Em épocas de tantas transformações, onde todos comentam sobre a rapidez em que as mudanças acontecem, estamos deixando de considerar que cada um de nós também está passando por elas. A pergunta “o que está acontecendo, meu Deus?”, é cada vez mais freqüente. As mudanças estão ocorrendo em todos os níveis e aspectos de nossas vidas. Mudanças materiais, afetivas e na própria identificação espiritual, onde a busca por religiões e “seitas” fazem-se sentir muito claramente.

Observem como o dinheiro está mudando e muito abruptamente de mãos. Pessoas que sempre apresentaram estabilidade financeira, hoje atravessam dificuldades enormes. Empresas que sempre foram estáveis, agora deparam-se com sérias ameaças. Afetivamente, casais que todos consideravam de “estrutura inabalável”, percebem-se desfazendo suas uniões, surpreendendo a todos e a si mesmos com o ocorrido. E quanto às crenças, observamos o entra-e-sai de pessoas em igrejas, centros, templos e outros nomes mais para os locais de encontro e cultivo da espiritualidade. E mesmo assim, a insatisfação se mantém.

Há mais que uma inquietude em nossas vidas. Há também o pânico. Irritabilidades, dores, doenças, incompreensões, divergências proliferando e trazendo transtornos ainda maiores. Noites mal dormidas, não há lazer que nos devolva o descanso interno e que nos propicie a paz. Fortes depressões e conseqüente dificuldade em reagir na busca por saídas e soluções.

Sabem por quê? As pessoas estão considerando tudo isso como perdas e não como renovações necessárias e inevitáveis, cujas ocorrências não dependem do nosso querer, mas sim da sinergia do universo, do qual somos parte integrante. E sabem o que mais? Não adianta lutar contra. Quem o faz é massacrado. Sucumbe.

Mas não estamos vivendo holocaustos universais (em alguns casos, pessoais). Apenas estamos perdendo o que nunca tivemos: os pontos de segurança externos. Mas se nunca tivemos, como perdemos? Vocês já viram uma casa, pós-reformada, manter o mesmo aspecto, a mesma pintura, a mesma aparência?

Infelizmente, grande parte das pessoas continuarão achando que estão perdendo e não poderão fazer nada para impedir o “massacre” que estão sofrendo. Mas uma boa parte de nós está tomando consciência de que está ocorrendo um movimento onde se faz necessário, de nossa parte, o desprendimento. Muito está indo embora sim, mas não é perda. É libertar-se para que possa ocorrer essa renovação. É a raspagem da tinta, ou mesmo a substituição do reboque para que se efetue a reforma.

Observe tudo o que está acontecendo com você. Para não se atrapalhar, escreva. Em todas as situações em que identificar “perdas”, analise as razões e por que você não conseguiu evitá-las. Em alguns casos, perceberá decisões mal tomadas, descuidos que poderão ser posteriormente consertados. Mas, na grande maioria das vezes, perceberá que as situações foram ocorrendo à revelia da sua vontade, sem a imediata percepção dos fatos. Dê uma parada. Reflita em tudo que está “escapulindo” de seus domínios e olhe com os olhos da renovação. Ao fazer isso, conseguirá evitar o desespero que cega e impede de se perceberem os benefícios.

Se o emprego estável já não existe, há alternativas que nos farão viver, e de repente, encontrar algo que nos será muito mais satisfatório e recompensador. Se a relação se rompeu, ficar se martirizando é impedir-se de, ao cuidar de si próprio, encontrar um novo amor, com muito mais felicidade. Tome cuidado com o tipo de “deus” que você busca em igrejas, centros e templos, pois nestes locais nós encontramos o ambiente mais propício e facilitador para o cultivo de nossa fé. Porém, Deus está, antes e acima de tudo, dentro de cada um de nós. Buscar fora é não encontrá-Lo e pior, perder a fé em Sua existência e poder.

Acredite: “Há males que vêm para bem”. Esta é uma expressão que devemos entender sem lamúrias ou choros. Portanto, receber nossas transformações de braços abertos nada mais é do que estar em sintonia e harmonia com as Forças Universais. É ganhar. É crescer.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Talento: Você Já Identificou o Seu?

Um dos significados do termo talento é: grande e brilhante inteligência; agudeza de espírito, disposição natural ou qualidade superior; pessoa possuidora de inteligência invulgar. Em sua origem primeira, talento quer dizer: desejo, gosto, prazer; segundo sua vontade; a seu bel prazer. Arbítrio, vontade.

Usamos também para expressar dom. “Fulano tem talento para...”, “ele tem o dom para...”. Dom significa: dádiva, presente; merecimento, mérito; dote natural, talento, prenda, aptidão, faculdade, capacidade, habilidade especial para.

É comum encontrarmos um grande número de pessoas que conseguem se dedicar a várias e diferentes atividades. Algumas se queixam de que, com tantas opções, acabam se atrapalhando na hora de escolher sobre qual se dedicar pra valer.

Desde os tempos mais remotos até os dias atuais, as pessoas se ocupam muito pouco com o ato de descobrir e identificar seu verdadeiro talento. E se já existe uma dificuldade natural nesta busca: ela se acentua pelos preconceitos existentes em cada um. Felizmente já não enfrentamos tantas pressões como enfrentávamos há uns 30 anos atrás, onde existiam profissões diferenciadas para homens e mulheres, além daquelas que não serviam para nada, para nenhum dos sexos.

Como seres humanos, somos uma potência desconhecida a nós mesmos. E ainda nos atrapalhamos com idéias pré-concebidas, que nos impedem de chegarmos ao ponto real. Antigamente, muito se falava e se baseava na medida do Q.I. (Quoeficiente de Inteligência), que era obtido através da capacidade com operações lógico-matemáticas e de compreensão da linguagem verbal-lingüística.

Na atualidade, sabemos que existem inúmeros tipos de inteligências. Howard Gardner, psicólogo americano, apresentou o que conhecemos como Inteligências Múltiplas, onde descreve oito tipos diferentes de inteligência, cada uma sendo um dom, um talento que a pessoa possui. A lentos movimentos, novas técnicas estão causando uma revolução na área educacional e levando os educadores a desenvolverem mais suas habilidades com o intuito de ajudar os educandos a descobrirem seus talentos.

Sabemos de muitos casos de engenheiros que, por uma razão qualquer, deixaram suas profissões e se deram muito bem como donos de restaurantes. Médicos que andavam a passos lentos e, de repente, passaram a se dedicar a outras atividades, sem nenhum vínculo com a medicina e hoje estão plenamente realizados, inclusive financeiramente. Cada um de nós deve, no mínimo, conhecer um caso onde ocorreu mudança e a pessoa foi bem-sucedida.

Em compensação, conhecemos muitos casos nos quais as pessoas não deslancham nas áreas em que estão atuando: não estão em suas áreas de talento. Vale ressaltar que diversos fatores exercem grande influência na escolha profissional: a possibilidade de boa remuneração; o curso mais fácil de entrar, ou mesmo o mais barato; o que vai exigir menos (???) do estudante, dentre outros. Não há consciência plena de que a escolha, teoricamente, coloca as pessoas em um caminho para a vida toda. É um longo tempo para se fazer o que não está em si. Buscar o que realmente nos realiza, independente do “status” da atividade, ou do “glamour” que ela oferece: este deve ser o ponto forte dessa busca.

Atenção: isso vale para todas as idades, pois se alguém com 40 ou 50 anos está insatisfeito e bloqueado em suas realizações, ainda haverá tempo de fazer a transição de uma atividade para outra. É claro que existe a lógica entre custo x benefício. Se estiver em fase de escolha para sua formação, questione-se sobre o que gosta e o que se sente bem fazendo. Pesquisar, conversar com profissionais das áreas, enfim, se mexer. Os resultados são proporcionais aos esforços.

Ninguém caminha se estiver parado. Por isso, para todas as idades, é muito importante buscar ajuda especializada. Há muitos profissionais capacitados para fazer orientação vocacional, reflexão profissional e adequação de carreira. Quem faz o que ama, não se estressa com os problemas decorrentes de sua atividade, que são vistos como desafios e não entraves. Continuaremos esse assunto. Enquanto isso, questione-se: “Como me sinto em relação ao que faço?”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Solidão versus Internet e Celular !!!

Solidão é definida como o estado de estar só, não ter ninguém. Mas para uma boa parte dos solitários(as), estar só é uma opção, e não uma impossibilidade de se conviver com alguém. E quando é por escolha, não há revoltas ou sofrimentos. Para alguns, é difícil ser entendido e aceito, fazer notar que está aí e deve ser respeitado. Alguns ousam dizer: “Se está sozinho(a), boa coisa não é”. Não é verdadeiro. Mas falaremos dessa escolha um outro dia.

A pior das solidões é a de quem tem alguém ao seu lado, mas mesmo assim sente-se só. Fato com um índice enorme de ocorrência, principalmente entre os casais da atualidade. A modernidade nos colocou à disposição recursos que em muito facilitam nossas vidas, nos integram com longas distâncias e nos possibilitam a comunicação imediata “sempre” que necessário. E como já viram pelo título, estou me referindo especificamente à internet e ao celular.

Quantos casais conhecemos que não conseguem mais compartilhar de um mesmo assunto, estar juntos em um mesmo “círculo de amigos” para um “bate-papo”, pois se isso acontece, imediatamente começam a divergir e a discutir, chegando a situações de agressões verbais e de não-respeito generalizado entre eles mesmos e aos demais presentes. Fácil vê-los cada um em um canto, em conversas animadas e que se calam tão logo o outro se aproxime. Isso é ter um(a) companheiro(a)? De jeito nenhum. Companheirismo não é isso.

Uma das formas que se têm utilizado para o preenchimento desse vazio é o uso da internet. Uso exagerado e que leva a pessoa ao vício que se concretiza frente ao computador. Transtorno da Dependência a Internet (TDI) é o nome dado a esse mal que assola muitos. Com o computador e a internet, não é exigido do usuário a integração e o vínculo que se estabelece quando de um contato a dois, frente a frente. E se numa sala de “bate-papo” algo desagrada, facilmente se sai dela indo para outra. A grande vantagem do mundo virtual: você navega por onde quer. Já afirmei em artigo anterior que “este vício traz também em seu contexto o afastamento da família e do convívio social, uma dependência mórbida atendida apenas quando se senta na frente do equipamento”.

O outro recurso: o celular. Vocês já observaram as situações mais inusitadas na qual a pessoa está falando ao celular? Há poucos dias, com pouco espaço de tempo entre uma situação e outra, presenciei duas que confirmam o uso indevido. Na primeira, um jovem estava almoçando, colocava uma colherada na boca, mal mastigava, e falava ao celular. A segunda, em um lavatório de um outro restaurante: uma pessoa escovava os dentes e falava ao celular simultaneamente. Será que o outro lado estava entendendo o que ele dizia?

E o que tudo isso ter a ver com solidão? Pois é. As pessoas estão, cada vez mais, com dificuldades de se expressar frente a frente. Basta colocar os pés para fora do local onde está a outra pessoa para ligar para ela e ficar horas no telefone. Ai então brigam, fazem as pazes, voltam a se xingar, riem e basta se encontrarem novamente para calar. Não há assunto. Na verdade há, mas a dificuldade de dizer o que se pensa olho-no-olho interrompe o vínculo.

As pessoas estão tão apegadas ao uso do celular que, mesmo em empresas, se conversa através destes aparelhos, muito mais do que nas salas de reunião ou nos encontros entre fornecedores e clientes. Falam um pouquinho, despedem-se e logo em seguida estão um ligando para o outro e dizendo: “Puxa, me esqueci de perguntar...; ...de dizer....”. As operadoras agradecem, estão cada vez mais ricas. Qual o valor de sua conta de celular? Você acha que se justifica?

Os relacionamentos têm se iniciado e encaminhado até a fase onde um começa a conhecer e participar mais da vida do outro. Pronto. Aí começa a terminar, pois aparar as arestas, chegar a pontos comuns, e se entender, é uma prática cada vez mais fora de moda. As pessoas têm revelado surpresas quando “ousam” expressar seus pensamentos na frente do outro e são aceitos. Não é estranho isso?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A Lei e o Caráter

Um leitor sugeriu que tratasse sobre as normas e regras que regem nossas vidas e as influências que as ocorrências da atualidade possam estar exercendo em nossos adolescentes. Assunto de extrema importância, procurarei dar elementos de reflexão mais do que de conclusão.

Vejamos algumas definições encontradas no dicionário:

A Lei: “Preceito emanado da autoridade soberana. Regra ou norma de vida. Relação constante e necessária entre fenômenos ou entre causas e efeitos. Lei civil – A que regula as mútuas relações entre os cidadãos”.

A Norma: “Preceito, regra, teor, exemplo, modelo”.

O Caráter: “Feitio moral, índole. Na psicologia, conjunto de características que constituem a personalidade”.

Pois bem, os pais são os primeiros modelos e exemplos de autoridade com que uma criança tem contato. A figura do pai (que é a Lei), não precisa estar necessariamente caracterizada no sentido literal da palavra. Essa figura pode ser representada pela mãe, avós, tios, enfim, aquela que irá orientar o menor na sua jornada pela vida e ele vai então, aprendendo a reconhecer possibilidades e a respeitar limites. A criança vai crescendo e vai questionando os porquês, recebendo assim, através das explicações e exemplos, os valores com os quais vai embasar seu caráter. Referencial que, embora possa ser mudado posteriormente, servirá de direcionamento para suas ações por toda sua vida.

No artigo anterior (Decisão e Ação - leia abaixo) falamos que tudo em nossa vida é conseqüente. Quando mencionamos leis, regras e normas, estamos falando simultaneamente de conseqüências, que podem ser positivas ou negativas. Pois bem, esse emaranhado contexto político que estamos vivendo, traz em seu bojo a seguinte mensagem: “Faça o que lhe dá benefícios próprios, independente de a quem estará ferindo, pois no final, será isentado das conseqüências que seus atos deveriam provocar”.

Mas política é um tema por demais polêmico e não é o foco da minha reflexão, mas sim as conseqüências negativas que determinadas atitudes de pessoas públicas podem trazer para os nossos adolescentes e para nós mesmos. Não me refiro apenas ao político, mas ao artista, ao ator, enfim, a todas as pessoas com destaque público e detentoras de influências, seja pelo poder, seja pela autoridade, seja pelo destaque em sua atividade, são modelos, servem de exemplo às pessoas que, como nós, compomos a grande maioria.

Uma preocupação que assola todos nós, brasileiros, é a falta de preocupação com a conduta ética e moral dos nossos representantes e dirigentes. Com isso, vamos aprendendo a banalizar o correto, o honesto! Debates em casa entre pais e filhos, no intuito de resgatar e defender valores, são de suma importância. Retomar o diálogo, citar exemplos, mostrar conseqüências, recuperar valores e ressaltar o lado negativo dos que se deixam levar pela visão da recompensa. Isso é urgente! Mais ainda, é urgentíssimo!

É comum observarmos que as pessoas se sentem perdidas entre seguir os “padrões transmitidos” – hoje quase uma teoria – ou os exemplos dados por aqueles cuja responsabilidade maior é desprezada em benefício e proveito próprio. Sabemos que o dito: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” não funciona. São nossas ações que prevalecem e não nosso discurso.

Tantas referências desencontradas e distorcidas mostram claramente o que temos vivido: desrespeito aos valores consensados, mas não praticados. Conflitos internos povoam consultórios médicos em busca de calmantes e, no entanto, não percebem que suas origens estão nas distorções de caráter que ora se alimentam. Quantos, em meu consultório, manifestam-se “errados”, pois seus valores são diferentes dos que se vêem praticados no dia-a-dia, gerando e alimentando seus conflitos.

Decisão e Ação

É comum se tomar uma decisão e após isso, nada fazer. Decidir é resolver, após análise muitas vezes criteriosa, por uma das tantas opções existentes. Muitas pessoas demoram para tomar suas decisões. Algumas por insegurança, outras por desconhecimentos e outras, por precisarem avaliar cada ângulo da situação que se apresenta.

Então a decisão ocorre. Tudo o que se passou à nossa frente foi pesado e ponderado. Os temores foram sentidos, os problemas equacionados, tudo ou quase tudo claro e transparente. Agora só falta...agir. Surpresa! (ou não?) A ação não ocorre. Tudo que foi decidido fica parado e nada ou quase nada é feito. Por que será que após tanto sacrifício e esforço para se chegar a uma decisão, na hora do fazer ficamos paralisados? Isso em todos os setores de nossas vidas: afetivo, profissional e mesmo espiritual (preciso me cuidar, vou procurar amanhã).

A pessoa decide se separar, pois não dá mais para conviver junto com aquela pessoa, mas começa uma avalanche de “razões” para o “agora não dá”. A pessoa decide-se pelo seu amor, mas na hora de expressar seu sentimento, existem mais “razões” que a impedem. No trabalho, chega à conclusão do que precisa fazer, mas na hora de implantar, de novo, “razões” que tolhem.

Nada é pior do que acharmos que não podemos fazer, e pior ainda, atribuir isso às situações externas. Tudo fica fora de nós e assim, pronto, de novo estamos à mercê das circunstâncias.

É um direito de cada um agir assim, mas é importante saber que o que nos impede de fato é que, mesmo inconscientemente, cada ação possui uma conseqüência e é o temor delas que nos paralisa. Ao buscar a separação, se não amigável, dificuldades e boicotes vindos do outro lado. Ameaças, pressões. Se declaro meu amor, o medo da recusa, da rejeição e o orgulho de quem se sentiu humilhado ao ser recusado, mesmo que delicadamente. Se implanto alterações em meu trabalho, pode não ser bem visto de imediato, pode não dar certo, como vou ficar frente a meu chefe e aos meus colegas?

Pois bem, quando se faz uma opção, seja ela qual for, fazem-se simultaneamente várias renúncias. E é aqui que temos nos perdido. Queremos realizar a opção escolhida, sem abrir mão de situações que não mais são compatíveis. Exemplo? O “garoto” quer morar sozinho, mas quer que os pais paguem o aluguel, que a roupa continue sendo arrumada pela mãe a assim por diante. Quer ser “dono de sua vida” sem ter que responder por ela.

Exercitar (a vida é um eterno exercício de possibilidades) o “assumir as conseqüências” sobre as nossas decisões em muito facilita o “agir”. Ao decidirmos conscientemente, fica-se sabendo o que é que nos espera, portanto, não haverá motivos para reclamarmos.

Você tem decisões que ainda não pôs em prática? Reveja-as e se elas se confirmarem, inicie o movimento em direção ao que se propôs. Não tenha receio. A vida ajuda aqueles que caminham em direção ao seu ideal, aos seus objetivos. Achar que porque ocorrem dificuldades é porque não deveria ser, na verdade é um pensamento que encobre nossa falta de energia e garra em busca do objetivo. Basta olhar a vida daqueles que se destacam. Veja se encontra nela a falta de ação, a fuga das conseqüências e o desistir pelas dificuldades.

Sejam bem-vindos !!!

Desde sua estréia nas páginas do Caderno B da Tribuna de Indaiá, como articulador da coluna No Divã, há três anos atrás, Paulo Antolini vem conquistando uma série de leitores fiéis ao seu senso crítico e observador, de suas abordagens diferenciadas dos mais diversos aspectos da natureza humana, assim como das conseqüências de cada uma de nossas ações no dia-a-dia.

Paulo não quer ser o dono da razão, mas apenas explanar sua visão dos mais diversos assuntos. E como muita gente orienta-se (ou busca sua orientação) através daquilo que ele escreve, creio que ele deve ter certa razão. Por isso, como muita gente gosta de ler e reler seus artigos, vamos publicar aqui, neste novo blog, tudo que já saiu na Tribuna de Indaiá, além de trabalhos inéditos.

Por isso, coloque o No Divã na Net entre seus links favoritos, nos visite diariamente e deixe seu comentário. Paulo Antolini estará acompanhando tudo e poderá responder sua dúvida a qualquer momento. Aproveite e participe ativamente.

 

Um grande abraço a todos,

 

Fábio Alexandre

Blogueiro do Click Indaiá OnLine

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Indaiatuba, São Paulo, Brazil
Psicólogo, Psicoterapeuta, Practitioner Programação Neurolingüística, Administrador e Consultor de Empresas

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