sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Receita de Bolo

Muitos são os livros de auto-ajuda, uns mais famosos que outros. Numa época de tantas e tão rápidas transformações – associadas também a tantas dificuldades, inclusive financeiras – a procura por eles é enorme. Um conhecido me disse que não retirou dessas obras muito que o ajudasse e percebeu que grande parte das pessoas que também as leram, não notaram mudanças significativas, mesmo quando afirmaram: “a obra é ótima”, “você vai gostar”, entre outros comentários.

Um outro amigo, falando sobre a busca religiosa que vem ocorrendo, citou pessoas que, ao se sentirem insatisfeitas com as opções oferecidas, realizaram viagens a países “santuários”, como Peru, Índia, entre outros, como se a convivência de algumas horas nesses locais fosse suficiente para transformá-las.

Alguns pontos devem ser considerados. Ter conhecimento do caminho não significa que o estejamos trilhando. Viver momentos em um ambiente “mágico” não nos dá o domínio da magia. Termos infinidades de explicações e conhecimentos profundos de correntes religiosas ou esotéricas não significa que as estejamos praticando, que as estejamos vivenciando.

Conhecer a receita não significa que tenhamos os ingredientes para fazer o bolo. Então falaremos dele como se fôssemos verdadeiros “confeiteiros”, mas nunca o serviremos para que seja degustado pelas pessoas que nos cercam – nem por nós mesmos. É verdade que, na maioria das vezes, conhecemos o caminho que pode nos levar à solução de grande parte dos problemas existentes, mas não atentamos e não queremos desenvolver os ingredientes necessários para tanto.

Dedicação, persistência, esforço, humildade, resignação – e não conformismo – são elementos constantes de qualquer “receita” que nos move para um objetivo, além de outros, como entusiasmo, ou acreditar que é possível e que o objetivo é plenamente alcançável. Tudo isso não significa que seja fácil. É muito comum ouvirmos pessoas, após algumas tentativas de mudanças, dizerem ”isso não é para mim”, ou “eu sou assim mesmo, não consigo mudar”. O que essas pessoas não sabem é que, da mesma maneira que foi difícil a adoção de um comportamento, hábito ou vício, sua remoção também é.

Ao aprendermos a dirigir, a cada mudança de marcha, olhamos para os nossos pés e para os pedais, para a alavanca de câmbio, quase batemos o carro (e deixamos quem nos ensina apavorados). Porém, pelo exercício do dirigir, pela repetição do ato, vamos automatizando de tal forma que somos capazes de fazê-lo por horas a fio, sem nem percebermos o ato de dirigir. “É automático”, dizemos com razão, pois nos condicionamos.

Mudar um comportamento, seja ele qual for, é mudar condicionamentos há muito estabelecidos, e exige de nós uma atenção especial e um esforço multiplicado. Portanto, se temos as receitas, tratemos de desenvolver os ingredientes. Sem eles, não poderemos fazer nada. O ingrediente “humildade” nos possibilita identificarmos os demais ingredientes que nos faltam, para que seja possível então a sua “aquisição”. Adquiri-los é nos esforçarmos para caminhar em direção ao que nos propusemos, sem nos enrolarmos ou ficarmos dando desculpas do “porquê de não estarmos conseguindo”.

Mais admirável e menos enganoso é dizermos “eu ainda não quero”, do que “eu não consigo”. Quando se diz “eu não quero”, se está falando de vontade. Quando se diz “eu não consigo” se está construindo uma incapacidade ou impossibilidade. A pessoa está reduzindo sua capacidade de ação. Qual a conseqüência desta última? Inconscientemente, para dar veracidade à afirmação “eu não consigo”, a pessoa se mutila, extirpa de si a energia que a movimenta em direção aos seus objetivos, e que reafirma sua capacidade de realização. O que difere quem consegue de quem não consegue é a persistência e a crença de que, mesmo com dificuldades, pode-se chegar onde se quer.

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Indaiatuba, São Paulo, Brazil
Psicólogo, Psicoterapeuta, Practitioner Programação Neurolingüística, Administrador e Consultor de Empresas

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